quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

TEMPO DE GUERRA -- pt.1


Violência gratuita
Bocas mudas
E outras tantas
Gritando
Gemendo

No chão frio
Escorre o sangue
Vertido pelos pulsos
De quem travou guerra
Sem vencer
Sem, porém, retroceder

Mãos armadas
Punhos cerrados
Dedos em riste
Apontando
Calando

É o anúncio do fim
A guerra prometida
O encontro dos séculos
O conflito feroz
Num cenário atroz

Olhos em chamas
Pés descalços
Cambaleando
Se desviando
Se entregando...

Mas algo desponta do oceano obscuro
Algo se arrisca a emergir
Do fundo do coração, sob a poeira dos dias árduos
Eis que vem, um guerreiro todo encouraçado

A batalha vai começar...

domingo, 23 de junho de 2013

O CANSAÇO DOS DIAS


A cada palpitação, uma esperança
Uma lágrima presa na pupila
E os ombros tesos, rígidos

Hoje não rimarei os versos
Que em si só, controversos,
Carregam o cansaço dos dias

No aguardo para o descanso
Debaixo das asas prometidas
Delineia-se meu sossego

Esta noite, tal qual um pequenino
Oro no silêncio, no escuro
Para que me arrebates a dor

Da arte de dar sem receber
E ainda assim, todas as manhãs
Não desistir de acreditar

Dependo de um Pai amoroso
E busco a cura do cansaço
Que se enrosca entre meus dedos

A Ti, ó Altíssimo, o que tenho!
Minhas palavras de alma partida
Que em teu véu anseia se cobrir... 

domingo, 2 de junho de 2013

NO DENTRO DE MIM


No dentro de mim
Remexe-se um sonhador
E chora um poeta
Um duro pranto

Olho para meu íntimo
Em minhas entranhas
Sensações tão amargas
Comichões estranhas

Presa está em mim
A dor abissal dos crentes
Os que já não pisam mais
A cabeça da serpente

Gemidos de uma alma
Bramidos de um coração
Flameja, almeja, volta a gemer
no cativeiro de José

Nesses tempos de um distante Jesus
De um esquecido alvo certo
No dentro de mim deserto
Transveste-se em anjo de luz

Choro lágrimas de gosto cruel
Velando esperanças que vagueiam
Família de certezas feridas
E um minuto de fé para voltar a dormir


segunda-feira, 8 de abril de 2013

SÉRIE "Poemas de circo": CARO SR. PALHAÇO




Sob aquelas vestes efusivas
De cores gritantes que atraem os olhos
Tão dócil e inocente criatura
Quem lhe poderá –de fato- recompensar?

Entre uma e outra pirueta
Entre piadas mais velhas que o mundo
Aquela é sua verdadeira missão
Dinheiro algum lhe poderá recompensar

Os risos e a satisfação do público
Engolem o furacão de pedras em sua alma
Aquela alma que não usa pancake
Aquele nariz que não cobre seus males

Caro Senhor Palhaço, alegre e desastrado
Homem de fé na própria existência
Essa luta todo dia a gente enfrenta
Mas fazendo troça dela, só para os fortes

sexta-feira, 5 de abril de 2013

SÉRIE "Poemas de Circo": TRAPÉZIO




Jura que tudo vai dar certo?
Promete que poderei me soltar?
Pode me assegurar nessa dúvida?
Na hora da angústia, do medo...

Estarei firme em tuas mãos?
E se as minhas suarem?
E se eu fraquejar justo ali?
Na hora da angústia, do medo...

E a grandeza da derrota?
E a plateia, entre o escárnio e o choque?
E se eu me desviar da rota?
Um segundo frio e crucial

Sinto a espinha arrepiar, gélida
Arritmia, o palhaço já fez sua última graça
É agora? Tem mesmo que ser?
Que o Senhor tenha misericórdia! 

terça-feira, 2 de abril de 2013

SÉRIE "Poemas de circo": MALABARISTAS



Aperta o passo aí, que eu quero ver
Arreda pra lá, afasta, sai!!
O espetáculo que vai começar:
Que benção, meu Deus, que lindeza!!
Coisa linda demais, nem sei
Nem sei, nem sei...
Olha como ele é habilidoso
Olha como faz os seus truques!
Olha, gente, olha!
Nem dá pra mim isso aí...
Quisera eu, outrora nessa vida,
Mas já sou malabarista
Dessas duras penas
Que nem se há de contar
Porque não valem a pena lembrar
Então eu fico aqui, nem pisco
Lá vão e lá vem os malabares
Vou chorar na minha estupidez
Me segura, mulher, me segura... E me abraça!