domingo, 26 de abril de 2015

HYGGE


Tu és o meu conforto quando me deito
O meu prazer perfeito             
Em ti está o meu bem-estar
O meu clarear
A boa-nova que vem a galope
Ou pelo vento que sopra nas folhas

Tu és a roda de violão com os amigos
Sobre a relva fresca no fim da tarde
Tu és cada sorriso decorado
Com sonhos a se preservar
E cada riso incontido
Do que jaz nos corações

Tu és o alívio, o remédio
O bálsamo que refresca e refrigera
Aquele bom momento que nem toda língua traduz
O som doce que a clarineta produz
À meia-luz, na penumbra da alma necessitada
Aquela resposta há muito esperada

Tu és o piquenique, o luau e o sarau
A confluência das artes
A união das partes
Meu natural transmigrado para o sobrenatural
O pranto e o perdão
A celebração da união

Tu és alguma coisa que nessas fracas palavras
Da minha humilde linguagem
Ecoa na língua do amor, a língua da verdade
Que se traduz no calor do abraço teu
Meu Deus

sábado, 4 de abril de 2015

RAINHA DO BAILE


Sem vestido especial para a ocasião
Sem sapatos novos para exibir
Sem música, sem par, sem salão
Ninguém pra segurar sua mão

O vento na janela anuncia tanta tristeza
E a melancolia já tomou sua parte na cama
Alguém lá fora está radiante
Alguém lá fora esbanja beleza

Meu amor, minha doce criança
Alvo dos meus sonhos mais estranhos
Das minhas mais absolutas certezas
Esta noite eu sou teu príncipe

Meu convite é raro e irrecusável
Dê-me a honra desta dança
E seja comigo uma só no tempo, memorável
Nos passos que eu lhe conduzir
Pois amanhã, ao raiar das primeiras horas
Este príncipe não terá ido embora

A força dessas palavras carrega tufões
Descobre sorrisos ocultos no teu olhar
E celebra, depois da festa, ao ritmo do mar
Basta ouvir, enfim, quando eu te chamo:
Rainha do baile, graciosa e esmerada
Eu te amo

quinta-feira, 2 de abril de 2015

P.S.


Eu fiquei preso sem me mover
Até clamar ao Senhor
(No recôndito mais fundo da alma)
E sentir, então, que ainda há vida nas pernas
E meus lábios ainda poder-se-iam abrir
Um pesadelo frio sussurrava ao pé d´ouvido
Tragando minh´alma a cada segundo desesperador
Mas o Cristo ouve o mais silencioso clamor
Que me arrebata das garras do medo
Dos olhos que espreitam no submundo
Da presença vívida que atordoa
E do grito preso no pesado peito
outrora oprimido sem dó
Cuja dor já não mais há
E dorme em paz até o dia chegar